terça-feira, 7 de julho de 2015

Não sou negra, mas...

NÃO SOU NEGRA, mas hoje foi um daqueles dias em que nos deparamos com a realidade a cada pessoa que encontramos no caminho. Morando nos EUA, eu descobri o racismo. Especialmente em Los Angeles, ser negro significa ter costumes muito diferentes do branco. A questão racial vai muito mais além da cor da pele. Aprendi também o significado de ser branco - white man. A ironia? Enquanto no Brasil eu sou branca de traços negros, aqui, sou negra de pele branca.
Nasci em uma família em que sou a única entre irmãos e primos que nasceu com um "balaio de maconha" na cabeça. Soa engraçado, mas naquela época eu nem sabia o que era maconha. Só sentia que algo estava errado e era ruim. Aos 10 anos decidi cortar meu “fuá” porque achava que assim ele iria ficar parecido com os cabelos das minhas amiguinhas da escola: liso. Que decepção! Desde de então, sempre mantive meu "tuim" preso. A única exceção era nas apresentações teatrais. Embora mainha sempre elogiasse meus cabelos, o mundo estava indo de encontro. Difícil competição.
Foi no primeiro ano na Universidade de Pernambuco, em Nazaré da Mata, que descobri que o universo era muito maior que o mundo do colégio. Lá se foram os anos em que me senti fora d’água. Mais negra se tornou esta ovelha. Os "toim oim om" conheceram liberdade pela primeira vez. E não parou por aí. Depois de alguns meses, cortei o "bombril". Só restaram as "pipoquinhas" no topo da cabeça. FREEDOM!
Aí chegaram as novas técnicas de alisamento: progressiva, inteligente... Não resisti. Por que você precisa ser muito forte para verdadeiramente compreender que o problema não é você, mas a ignorância que está ao seu redor. Tentei todas. Mas minha "vassoura" parecia mais com uma de piaçava. Cortei de novo por desespero. Foi pior! Fiquei parecendo com a "filha da empregada". Tentei mais uma escova para não me sentir tão rejeitada. Ficou até bonitinho. Parei também de aloirá-los. Após quase uma década, nem sabia mais qual era a sua cor natural.
Tudo começou a mudar quando mudei para Los Angeles. Por mais que as pessoas falassem o quanto que meus cabelos eram lindos, eu não me sentia em paz. Na chance que tive, alisei o "cabelo de nêgo". Com essa técnica eu podia ter os cabelos lisos que queria. UM MILAGRE! Algumas fotos no Facebook receberam quase 100 likes. Durante três anos fui ao mesmo salão a cada três meses para passar seis horas retocando as raízes. Renegando. No começo, tudo era novidade. Era lindo. Mas assim como namoro, depois de dois anos… Ou vai, ou racha! E um sentimento de aprisionamento começou lentamente a crescer dentro de mim.
Ao andar pelas ruas de LA, comecei a notar como eu parecia normal (o que é um problema). Passei a ver Pérola por todos os lados. Virei uma fórmula hollywoodiana! E nas entranhas (uma vontade de peidar da mulésta) uma angústia. Um sentimento de perda. Em um mundo tão diverso, antigo, como que dominante ainda é uma palavra tão onipresente? E a bicha é tão arraigada que o caba tem que ser muito forte não só para não se render como também não se tornar mais um opressor.
RELEASE THE KRAKEN!" -  cortei aquela porra. Mas não foi tão fácil quanto parece. Um processo. Um estica-e-puxa danado. Depois de meses no couro de pica, passei o facão sem pena (UI!). Ficou tão curto que dava para eu me passar por Justin Bieber do Nordeste. Queria tanto que esse sentimento sumisse que estava disposa a raspar a cabeleira (e olha que ainda o farei um dia). O sentimento de liberdade é inexplicável e louco ao mesmo tempo. A sensação era a de que eu estava dando uma mãozada na cara do povo besta.
“Tá feia, velha... Só falta aparecer agora com uma tatuagem e um piercing” - pois é! Li palavras como estas daqueles que mais sinto falta e de que mais amo. Aqueles que não tiveram a coragem de dizer diretamente, perguntaram “por quê?”. Ai! Esses foram os que mais magoaram. Eu sei. A tapa foi forte. Por outro lado, eu não estava buscando aceitação. Fiz por mim, para mim. E isso bastava. A parte feliz é que tiveram outros inúmeros comentários de parentes, amigos e colegas. I’M BACK BITCHES!
Visitei o Brasil alguns meses depois. A cabeleira já estava mais crescidinha. Como esperado, eu tive que lidar com as brincadeiras e comentários dos familiares. Porque em uma sociedade machista e preconceituosa como a nossa, a mulher tem que parecer uma boneca com cabelos longos, lisos e loiros, preferencialmente de olhos claros que só bebe campari e assiste comédias românticas. Mulher independente que tem opinião, bebe whisky e tem atitude “vai ficar para titia”. Enfim, esse é um assunto para outro dia. O fato é que não há um só dia em Los Angeles em que eu não receba um elogio de um estranho por causa dos meus cabelos - mulheres, crianças, idosos... Homens, então… “Delícia! Delícia!”. Os cachos são de fato dourados.
Hoje, foi um daqueles dias que nos deparamos com a realidade a cada pessoa que encontramos no caminho. “Seu cabelo é lindo” não foi tudo. Algumas chegaram a tocar como se estivessem em frente a uma peça rara e exótica. Mas os olhares… Esses falavam mais do que palavras. Há uma semana atrás foi a hora de dar um corte para meus cachinhos. Meu hairstylist recomendou um corte estilo anos 90. Topei o desafio. A surpresa foi perceber o mesmo corte de cabelo de 20 anos atrás. O cabelo não alisou, mas desta vez não houve decepções. Nada melhor que a oportunidade de voltar no tempo e vivê-lo à sua maneira.   


LINHA DO TEMPO




terça-feira, 14 de dezembro de 2010

“Lá vem o busão, cheiro de cagão..." - A Sociedade dos Homeless




Já cheguei a conclusão que nunca estaremos 100% satisfeitos com o serviço público em nenhum país do mundo. Nos Estados Unidos, o governo federal cobra 7% de imposto em tudo que o cidadão, mermo o ilegal, fizer. Mas as tal taxes só são inclusas no momento do pagamento, ou seja, o pobre toma no parreco. Aqui o negócio é a psicologia do “tamo fudido a toda hora”. Se, por exemplo, o caba ver um laptop com Fudindows 7, I Core da puta que pariu por U$599, pode tirar o cavalo, jegue, zebra, boi, vaca, bezerro da chuva que junto a esse valor ainda vai se somar 7% de taxes ficando um total de aproximadamente U$641. Seguindo a psicologia do pobre reprimido, este seria um motivo de desistencia da compra, já que faz o cliente ver que, na verdade, não estará pagando o valor divulgado. Sem contar que certos estados também tem a opção de implementar os próprios impostos, assim como os municípios. Portanto, em Los Angeles, esse valor de $599 subiria para quase $658, pois as taxes em LA é de 9,75%. 
 
Voce que é empresário vai vir com o papinho de que é importante discriminar o valor que o governo impõe de imposto como uma forma de mostrar à população quanto isso pode encarecer o produto. Concordo! Mas convenhamos que esse negócio é a maior empata foda. Tá voce passando por uma loja e ver uma camisa liEnda por U$19.99. Com 20 conto na carteira pra viver e morrer, voce vai voltar pra casa indignado porque o mais difícil voce tinha, que era o dinheiro, mas não pode comprar por causa do caraí das taxas. 


E por aí vamos. Pagando altos impostos para termos serviços públicos cortados. A última sensação do momento na terra holiudiana é a diminuição das linhas de busão e o corte total de outras nos fins de semana. O pior são as propagandas impressas da companhia de transporte tentando convencer a população que usar o busão/metro ao invés do carro evita: poluição, engarrrafamento e, claro, economia no bolso do passageiro. (Óbvio! Porque eles estão bem preocupados com isso).

E aí: “Lá vem o busão cheiro de cagão”. O onibus cheira a cu sujo, só tem louco e ao invés de levar 15 minutos para chegar ao seu destino, como seria se estivesse de carro, voce levará, no mínimo, uma hora. Enquanto no Brasil os loucos são aqueles psicopatas evangélicos que insistem em dizer que eu vou pro inferno, mermo eu acreditando em Cristo, aqui, o negócio é patologia mermo! Todos os dias tem que ter um pra bater o ponto. Se não for na ida pro trabalho com certeza será na volta. Aí é onde se tem as vantagens de poder comprar um Ipod a qualquer troco. 

Eh laia. Nesse um ano de vida angelina eu já cruzei com alguns tipos clássicos de LA. Com certeza uma coisa eles tem em comum: a catinga. Aqui estão alguns dos modelos praxes:

- cagão: coadjuvante no último Perolex, a 4 metros de distancia se pode sentir o cheiro intenso de bosta. Um veneno letal que me perseguiu por mais de 40 minutos a ponto deu achar que eu merma tinha me cagado nas calças.
- Mudinho: esses são os melhores. Não falam, não fazem nada. Só carregam as coisas pra cima e pra baixo. De preferencia, se alojam em lugares como paradas de onibus e esquina de rua.
- Camaleão: como no inverno todo mundo sempre anda muito empacotado e como algumas pessoas, principalmente as mais idosas, carregam sempre um carrinho de compras, esse voce só se liga que é homeless quando ele senta do teu lado e, além do cheiro, voce percebe as roupas sujas. 
- Jesus Cristo é o Senhor: esse voce já deve estar familiar. Existem várias filiais no Brasil. Todo mundo é o diabo e ele é o único que vai pro céu.
- Calçada da Fama: andando nas ruas de LA, principalmente de Hollywood, se não tomar cuidado voce facilmente pode esbarrar num mentigo-artista. O cara dança, canta e sapateia. E ainda anda com uma pose de quem tem a bala que matou Kennedy. Bom, pelo menos esse aí te deixa em paz. 
- Faustão: esse geralmente se senta no fundo do busão. Falam um monte de coisa sem sentido ou, quando tem, estão perdidos temporalmente e falam de guerra, de estratégias, sei lá. Alguns fingem muito bem que são alguem até que voce ver que a conversa nunca acaba. As cordas vocais tem vida própria. 
- Silvio Santos: é aquele que além de falar ainda pede a participacao da platéia o que faz muita gente mudar de lugar ou até mermo termina em briga, principalemnte, se na platéia estiver outro doido. Acredite já teve caso do motorista parar o busão porque tavam saindo no tapa. Jogar aviãozinho que é bom, nem!


Ontem, mais uma espécie passou a ser listada e esse foi o meu bom dia. Normalmente o cidadão já acorda de manhã para ir ao trabalho naquela felicidade, né? Come qualquer pão seco com manteiga e tres gole d’agua que encha o bucho e ramo simbora pegar a velha mercedes. Por sorte a linha expresso tava passando e lá vai yo correndo pra alcançar o busão. O único assento available era na parte da frente. E assim fui, quase feliz e com muita fome em direção a mais um dia de trabalho. E eis que, não mais de dois segundos se passam e começo a reparar numa voz feminina nos fundos, aparentemente, conversando com outra comadre. E quanto mais os segundos passavam, mais ela aumentava o tom da voz como quem estivesse indignada e as únicas palavras que até então eu conseguia decifrar eram men, women, dog and God

Foi só quando o motorista começou a falar que eu reparei nas pessoas ao lado. “Será que dá pra parar com essa gritaria aí atrás?”, falou o motorista através do microfone. Pois é, os motoristas e AS motoristas aqui tem moral. Mesmo o tom intimidante dele, não teve jeito. Então, prestei mais atenção ao que ela estava gritando aos quatro ventos. “You know why this country didn’t crash? Because of women. Because of black and white women” (Sabe porque esse país não quebrou? Por causa das mulheres. Por causa das mulheres negras e brancas!) Pronto! Um louca feminista! Era só o que faltava para minha coleção. Daí pra frente não tive como segurar. Comecei a rir do desespero dos outros. Alguns fingiam que estavam bem concentrados lendo, outros que dormiam e outros de autista olhando pela janela naquele mundinho de que “não to ouvindo nada”. No último suspiro de salvar o juízo, o motorista assim implora “Somebody that have a radio could pleeeaaase turn it on? I don’t mind at all. Whatever you want, but please just play something” (Alguem que tenha um radio pode pooorrr favorrr ligá-lo. Eu não importo de jeito nenhum. Pode ser qualquer coisa que voce queira, mas por favor toca alguma coisa). Mas como que por pirraça ou simplesmente porque ninguem tinha o tal aparelho, acabou tendo que ouvir o discurso feminista da véa. 

Perto do momento de descer, percebo a moça ao meu lado meio angustiada. Tentando ser solidária, olho para a figura e ela, como quem desabafando, confessa: “Ai! E eu foi quem deu um dólar para completar a passagem dela”. Para faze-la se sentir confortável e com um sorriso espremendo uma gargalhada respondi: “Don’t feel guilty” (Não se sinta culpada) e me levantei para descer, mas antes de sair falei para o motorista “And you, have a good day, man” (E voce, tenha um bom dia, cara). Pelo menos, o momento loucura do dia já tinha passado e eu podia me sentir mais free que Care Free em dia de chuva. 

E a campanha Natal Solidário está sendo um sucesso. Cada vez mais os Hiltonianos Tupiniquins estão se sensibilizando com as causas dos retirantes brasileiros nos EUA e estão fazendo suas doações. Até agora o Perolex, Porra de Esperança já arrecadou 8 cuzcuzeiras e 11 pacotes de flocão. Um pacote de ki-suco de guaraná também está sendo enviado para os retirantes abusados da nossa instituição. Não esqueça de mudar a foto do seu facebook para mudar o mundo. Para maiores informações (porque aqui a gente não tem ela em tamanho PP) acesse o link: http://migre.me/2WpOm E se voce quiser fazer a sua doação do ano, envie uma mensagem para mim e eu te passo o endereço. Não quero nenhum psicopata se achando o Papai Noel e batendo na minha porta no dia de natal “Hola! Hola! Hola!”.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Natal solidário: faça uma retirante brasileira feliz!


Interessante como nossa sociedade se manifesta diante de causas sociais. E se for um desastre então...miserere! É pior que urubu na carniça. Cada um que queria doar um pacote de açúcar, de feijão, alimento não perecível para ajudar os necessitados. Época natalina....UH! É prato cheio! Ae galera, vamos lembrar, já em dezembro, que é preciso ser solidário e fazer a boa ação do ANO! O importante é mudar a foto do perfil do facebook pra desenho animado em apoio às crianças abusadas do que passar o ano engajado em algum projeto voluntário.

Aqui nos EUA, o que não falta é Hiltonianos pagando de gatão querendo doar o que não tem: o dinheiro do colar de diamantes da semana, e fazer este sacrifício pelos menos favorecidos da Etiópia, Camboja, ou qualquer lugar, de preferencia de um país bem coitadinho que esteja na moda.

As principais potencias estão tão acostumadas a serem o centro das atenções que esquecem de olhar para si mesmos. Nos EUA, eu classificaria duas reações. A primeira, os americanos tem uma preocupação imensa de não serem o loser e estão tão acostumados a ter uma vida material que, na cabeça deles, não existe a figura do Estado garantindo direitos básicos à sociedade. Assim, também é difícil existir movimentos sociais que lutem em prol, por exemplo, dos direitos do trabalhador. Aqui mo véi, ficou doente...TÁ FUDIDIS! Até onde eu sei, eles podem te demitir “facim facim”! Teve cancer, morre a mingua. Não há hospitais públicos que ofereçam quimioterapia gratuita. Até onde também já ouvi, os médicos dão morfina pro caba ir se acabando aos pouquinhos. Por outro lado, tem a parcela dos imigrantes que formam a sociedade “americana”. Muitos vindos de países em condiçao de miséria e guerra, se vislumbram com a facilidade material e a “liberdade” que o país americano oferece e aí...? Tá tudo biutifú! As únicas ONG’s que eu conheço so far estão ligadas às causas ambientais e muitas outras às sociais para países como Nepal, Camboja...e são geralmente formadas, se não pelos imigrantes legais, pelos seus descendentes. Os EUA não tem uma sociedade tão ativa quanto a nossa. ISSO! O brasileiro tá ficando cada vez mais mal acostumado a falar mal do próprio país. Porque tudo no Brasil é uma bosta e tudo que é de fora é bom? Lambe o fiofóris do americano e sempre usando o velho discurso “you know, no meu país as coisas são difíceis e tem muita violencia”. Não há coisa que me deixe mais irritada aqui do que os babacas que pagam de coitadinho pro americano, enquanto o gringo paga o maior pau pro Brasil. Não estou discutindo aqui se a frase faz sentindo ou não, mas a atitude. Olhando a realidade de outros imigrantes, eu vejo que o Brasil tá beeem longe de ser um país pobrezinho. As desigualdades ainda existem, mas pagar de etiopiano não tem pra que. Além de que, sempre tem aquele brasileiro que tem orgulho de contar que passou “nicissidade” e fome nos primeiro meses nos EUA. Como se não houvessem mexicas em situação ainda pior, né?! Fala a estória como se isso fosse lindo! Deve bem querer que alguem escreva sua biografia. Não quero desmerecer a fome de niguem, até porque fome é sempre fome. Mas é aquela estória, só porque o caba passou dificuldades se acha merecedor (as vezes o único) do mundo porque passou fome e aí como não fez mais nada de interessante desde então, vive repetindo a merma estória over and over and over. Nem Silvio Santos rapai! Pronto, tá faltando agora virar requisito em currículo - Atividades extracurriculares: jan – set 2002 Programa de Intecambio “Starveling in US”. Ia ser selecionado logo de cara pelo Bolsa Família. Eita, mas aqui não existe o Family Bag.

Sem contar que eu não aceito o título “terra da liberdade”. O caba não pode tomar uma ceva na praia, nao tem buteco, nem fitero, e ainda é facilmente vítima de preconceito racial, social, o diabo a quatro a qualquer momento. É a tal liberdade de expressão. Óia, que nome bunito rapá! No meu país isso tem outro nome é violencia e dá cadeia.

Um dia peguei um pau (OPA! Pegou EM-O pau?) com um companheiro americano. O cara insistindo que era liberdade. Aí eu disse: “Liberdade? Tá bom! Vou dá uma cagada no meio da rua e quero ver se a polícia vai respeitar minha liberdade.” Aí, ele exitou e eu respondi: “Oxente, é minha obra de arte rapaiz! Nem pode me prender, nem pode destruir a criatividade que eu pari. Que saiu de dentro das minhas tripas” Aí, ele falou em desrespeito e atentado ao pudor, qualquer coisa do genero. Acabou me dando pano pra manga - “Então, um negro pode me chamar de braquela azeda porque ele acha que as mulheres brancas são vacas e é a “liberdade de expressão” dele dizer o que pensa, me desrespeitando, principalmente, em ambiente público e eu, pacificamente, não posso cagar na rua e chamar minha bosta de obra de arte? Ninguem tá impedindo o ser racista de pensar o que ele quer, mas viver em sociedade significa respeitar o outro e entender que o espaço público é de todos. Do mermo jeito que eu não posso dar um cagão e me sentir o Alessandri Algardi, o negão também não pode se sentir o Martin Luther King ao avesso.” Engraçado são os white americans. Geralmente bem educadinhos, eles agem de tal forma mais pela educação em si do que pela compreensão do que é ser cidadão e estar em sociedade.

E haja mais liberdade. Essa virou clássica na minha história de vida. Um belo dia lindo de sol em LA, voce entra no busão e lá vem aquele cheiro de peido. Mal o sol raiou e já estamos no aroma do dia! Eu era feliz no Brasil e não sabia. O pior é depois que voce entra no busão. Dá dois passos, tem um mendigo sentado do outro lado cheirando a um cassaco de mais de ano. Só pra voce sentir o gostinho azedo, ou melhor, podre mermo... Certo dia estava minha pesssoa, linda, chique, espetacular, com meu ar frances de ser mais do que nunca, quando chego na parada de onibus e começo a sentir um cheiro de bosta. Tudo bem que eu tava num bairro mexica, o que basicamente significa que é mais sujo e as ruas cheias de lixo. E aí, eu tentando dá uma fugida daquela catinga letal, comecei a me mexer prum lado e pro outro pra me afastar. O negócio chega a ser tão sério que começa a afetar o seu psicológico e voce passa a acreditar que de alguma forma voce esqueceu de limpar o cu na última cagada. Esse daí tá melhor que cachorro porque cagou e escondeu a merda bem escondidinho.

O fato é que, atrasada, acabei desistindo e rezando para que o calo nasal acontecesse rápido. Mas num teve jeito. Meu narizinho frances não se acostumou e eu fiquei quase 40 minutos cheirando aquela bosta esperando pelo caraí do busão chegar. E como se não fosse suficiente, o caba já tem que tomar esse tempo para se preparar psicologicamente para enfrentar o cheiro de buceta azeda que é impregnado na mercedes públicas de LA. Finalmente, lá vem o busão. Mais cheio que PE-15/Afogados às seis horas da manhã. Como uma pessoa educada, deixei um velho subir na minha frente. Quando olho pro lado, vejo o motorista fazendo um sinal desesperado pro velho não subir. Até então, achava ele ia dar partida sem a gente mermo já que tava muito cheio. Foi aí que, vendo o velho subir, vejo claramente aquela cena d’A Mumia quando a nuvem dos bisorin escaravelho abrem aquela roda para o Faraó passar. Fiquei PASSADA! Como quem tivesse congelada, só via a multidão desesperada abrindo um rombo no meio do busão. Tinha neguinho (Ou melhor negão) subindo na cadeira, se escalando pela janela pra no ser tocado pelo veio que mais me lembrava as parábolas dos leprosos. Como voces já podem imaginar, era dele que vinha o cheiro de merda! E aí, não teve outro jeito. O que é um peido pra quem tá cagado? E como já tinha infiltrado meu phyco mermo, não tive outra alternativa a não ser subir naquele coco de quatro rodas e procurar alguma coisa papolesca pra cheirar. Bom, pelo menos não tinha caroço de feijão boiando e hajajogo do contente” em Los Angeles, acaba nunca essa porra. E assim fui, o caminho todinho cheirando meu suvaco. Por sorte, alguem deixou o veio sentar, se não ia ser bosta nas coxas de todo mundo. E olhando para a cara das pessoas que estavam nas paradas seguintes, só vinha a canção na minha cabeça “Lá vem o busão, cheiro de cagão. Vai cheirar! Vai cheirar! Vai cheirar! Ve se limpa a cuequinha, nem mexica te superar não”. Essa ficou pra história.

E ai lá vem outra contradição dos EUA. O governo não dá assistencia aos estudantes, mas dá uma mal assistencia aos mendigos, incluindo passagem de onibus. Segundo fontes oficiosas, há duas explicações para os mendigos de LA. A primeira, eles são pessoas remanecentes da Guerra do Vietnam, em que ao chegarem ao país, depois de todo o sofrimento em campo de guerra, foram mal recebidos pela nação e pelo mundo. A outra é que boa parte deles vieram a terra do cinema com o objetivo de virarem celebridades e, muitas vezes vindos de cidades pequenas, se perdem com as ofertas e novidades da cidade grande até que acabam loucos, mendigos e miseráveis. Ou um ou outro.

Olhando assim, o sacrifício dos Hiltonianos ou até mermo da legião Barackobana deveria se voltar para a qualidade de vida da própria população. Qualidade de vida não é so comprar um Ipad e poder andar com ele na rua com 80% de chance de não ser assaltado. É também voce ir a um supermercado e não encontrar alguns pratos e copos com o selo do estado alertando que aquele produto causa cancer por conter tinta a chumbo. No Brasil, essa cultura de olhar pros etiopianos ao invés de olhar pro próprio povo está começando a existir, sendo assim Perolex lança a campanha de findal de ano:

NATAL SOLIDARIO! Doe uma cuzcuzeira para uma retirante internacional. Voce não precisa me afogar, basta seguir o exemplo americano. Faça boas ações para causas do outro lado do mundo. Doe uma cuzcuzeira e faça uma nordestina em Los Angeles feliz. Nós asseguramos o Kit Adoção: uma foto e um cartão da crianca beneficiada no dia do seu aniversário.

PS: se puder mandar um pacote não perecível de fubá junto, nós agradecemos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

As Aventuras de Perolex nos EUA!


Copa: Brasil e Costa do Marfim!


http://www.youtube.com/watch?v=kTOkQTMm6mA


Perolex orgulhosamente apresenta "As Aventuras de Perolex nos US" e "Coisas de Meninas".

O ano passado o Perolex comecou a postar alguns videos sobre as minhas experiencias aqui nos EUA no nosso canal "As Aventuras de Perolex nos EUA". Por causa de espaco fisico tive que mudar para "As Aventuras de Perolex nos U.S", ate que achei mais engracado (Da uma sacada ai carai: http://www.youtube.com/user/perolaautista ). Desde que cheguei aqui nos Estados Unidos ficou ainda mais dificil postar no blog. E ja que sinto muita falta de escrever os textos do blog, mas ao mesmo tempo e dificil encontrar tempo, resolvi estreitar a nossa relacao (OPA! Delicia!) usando os videos. Por mais que o canal seja uma versao em video dos nossos textos, nao se preocupem porque Eu nao estou abolindo os escritos sagrados.

Assim como para o Perolex, Eu tambem estava tendo muita dificuldade de comunicacao com minha familia e amigos ai no Brasil. Foi quando tive a iNdeia de criar o canal no IU Tubis chamado "Coisas de Meninas". Por incrivel que pareca, tem sido a forma mais frequente, pratica e economica de "falar" com minha familia e minhas amigas do "The Womens Liberation Front". O canal tem esse nome porque boa parte dos videos publicados falam sobre maquigem, beleza, cuidado com a pele, o mundo fashion aqui em LA... (Abalo racha!) Enfim, "coisas de meninas" que estavam sempre em pauta nas conversas do "The Womens Liberation Front" realizadas na praca de alimentacao do shopping Boa Vista. POREM, continuo MAXU na essencia do meu Eu Lirico interiorano.

E iLso! Eu ainda estou trabalhando na parte grafica dos canais com meus designers. (Ta pensando o que? Nois semo chiki). Mas, se voces tiverem algumas iNdeias, sugestoes de temas e curiosidades sobre a vida aqui, ou ate mesmo ao que concerne a edicao dos videos, comentarios (So nao vale reclamacoes ate porque aqui nao e o SAC, ne?!). Entrem em contato comigo que eu to em fase de experimentacao dessa nossa nova fase. Eh o Perolex rumo ao HEXA!!!!! (Essa foi so pra entrar no clima da Copa!).

Valeu pela forca de todos aqueles que tem me escrito e perguntado pelo Perolex. Espero que agora as coisas fiquem mais faceis e todos muito felizes e perfumados. Um beijo da Maga! WoW!

Perolex no "Brasileiros Mundo Afora"

E ae perssoar! Perolex saiu na secao "Brasileiros Mundo Afora" da Folha de Pernambuco de hoje, um dos principais jornais do estado. NoIs semo CHIQUE!!!!!

No texto, Eu falo da minha experiencia dessa semana com os Coreanos, meu principais vizinhos aqui em LA, na partida contra a Nigeria e como eh assistir ao jogo do Brasil nos Estados Unidos!!!

PS: pra ler nitidamente tem que dar o zoom!!! De qualquer forma to mandando o anexo atraves do mailling do Perolex. Se voce ainda nao recebe o mailling, me manda teu email ne porra!


* Gostaria de agradecer ao meu cuzinho, Mary-Li, por ter me dado o toque! (OPA!). E tambem aos meus companheiros de foto Mano e Se Ferrando! UM beijo da MAGA!